Colaboração em pesquisa científica com corais
Enviado: 03 Jun 2015, 17:15
Olá pessoal
Estou escrevendo este tópico meio que sem saber se está no local correto. Peço desculpas a moderação caso não esteja e sintam-se livres para migrá-lo se necessário.
Estou colaborando com a orientação de um aluno de mestrado da UFRJ, o Phillipe Rosado, que pretende desenvolver um produto biotecnológico para corais de aquário. Em breve ele irá se pronunciar por aqui. A idéia é desenvolver um probiótico que seja capaz de melhorar a saúde dos corais bem como do sistema como um todo.
Não é novidade que seja possível adicionar bactérias à um aquário equilibrado e obter ganhos tanto na saúde dos corais como do sistema. Há alguns produtos no mercado, como o BioPtim etc.
No entanto, esta é uma abordagem diferenciada. Como muitos sabem, o Brasil tem uma posição de destaque internacional na área de microbiologia, particularmente a UFRJ. Os pesquisadores brasileiros nesta área vem alcançando publicações em revistas científicas de grande renome internacional. Os pesquisadores que estão liderando este estudo, Raquel Peixoto e Alexandre Rosado, tem grande reputação na área de ecologia microbiana e acredito que devemos - como aquaristas - ficarmos animados com a possibilidade de isolarmos probióticos de corais de aquários brasileiros.
Feita a introdução, gostaria de solicitar aos interessados em participar desta pesquisa, uma ajuda solidária.
O experimento contará com algumas etapas, sendo a primeira delas a extração de microorganismos diretamente de amostras de corais de aquários brasileiros. Foi escolhida uma espécie bem específica de SPS para o estudo: Pocillopora damicornis.
Por que foi escolhida esta espécie?
Porque é um dos corais mais estudados do mundo, é um SPS, portanto mais frágil que a maioria dos demais corais. Apesar da P. damicornis não ser o SPS mais comum dos aquários brasileiros, ela é mito comum no mundo todo. P. damicornis poderá abrigar microorganismos que atendam as mais variadas espécies de coral.
O que precisamos?
Da doação de pequenos fragmentos de Pocillopora damicornis para o experimento do Phillipe. Precisaremos de 4 aquários diferentes como doadores dos fragmentos, que terão procedimento de coleta específico. Não estou chamando de muda, pois o pedaço é menor que uma muda, dois pedaços de 2 cm de tamanho já é suficiente para fazer a extração do DNA do coral e da sua comunidade microbiana. Esta comunidade será cultivada e será feito o perfil de DNA desta comunidade (whole genome sequencing) e tentaremos identificar os microorganismos com maiores potenciais biotecnológicos.
Depois desta etapa de caracterização genética e cultivo dos microorganismos (o consórcio de bactérias e outros MO), o produto será testado em uma rodada experimental de mesocosmo na cidade de Búzios - RJ. Os corais serão submetidos a estresses de doenças (será comprado no mercado um famoso patógeno de corais) bem como estresse térmico e por excesso de nutrientes, tudo isso combinado ou não com elevação de temperatura. Em resumo, colocaremos os corais em condições inóspitas para testar a efetividade do probiótico como proteção.
Se o consórcio for bom, os corais afetados com o patógeno adquirido e nas condições mais extremas (temperatura, nutrientes, etc) sofrerão menos que aqueles que não receberem o consórcio probiótico. Para avaliar a saúde dos corais, usaremos dois métodos: variação da taxa de deposição de CaCO3 na forma de esqueleto (a redução da calcificação de corais pode indicar estresse) bem como a variação da capacidade fotossintética das zooxantelas dos corais estudas na condição de estresse ou não.
Pesquisa científica leva tempo, há muita estrada pela frente, e precisaremos depois de outras mudas de P. damicornis para fazermos os testes de efetividade. Mas gostaria de saber se há aquaristas animados em participar desta pesquisa, enviando estes fragmentos para nós na UFRJ. Os doadores da primeira rodada de fragmentos (4 aquaristas diferentes) não precisam ser necessariamente os doadores da rodada de testes no mesocosmo quando o consórcio estiver OK.
Qualquer dúvida estaremos aqui para esclarecer.
Abraços
Gustavo Duarte
Estou escrevendo este tópico meio que sem saber se está no local correto. Peço desculpas a moderação caso não esteja e sintam-se livres para migrá-lo se necessário.
Estou colaborando com a orientação de um aluno de mestrado da UFRJ, o Phillipe Rosado, que pretende desenvolver um produto biotecnológico para corais de aquário. Em breve ele irá se pronunciar por aqui. A idéia é desenvolver um probiótico que seja capaz de melhorar a saúde dos corais bem como do sistema como um todo.
Não é novidade que seja possível adicionar bactérias à um aquário equilibrado e obter ganhos tanto na saúde dos corais como do sistema. Há alguns produtos no mercado, como o BioPtim etc.
No entanto, esta é uma abordagem diferenciada. Como muitos sabem, o Brasil tem uma posição de destaque internacional na área de microbiologia, particularmente a UFRJ. Os pesquisadores brasileiros nesta área vem alcançando publicações em revistas científicas de grande renome internacional. Os pesquisadores que estão liderando este estudo, Raquel Peixoto e Alexandre Rosado, tem grande reputação na área de ecologia microbiana e acredito que devemos - como aquaristas - ficarmos animados com a possibilidade de isolarmos probióticos de corais de aquários brasileiros.
Feita a introdução, gostaria de solicitar aos interessados em participar desta pesquisa, uma ajuda solidária.
O experimento contará com algumas etapas, sendo a primeira delas a extração de microorganismos diretamente de amostras de corais de aquários brasileiros. Foi escolhida uma espécie bem específica de SPS para o estudo: Pocillopora damicornis.
Por que foi escolhida esta espécie?
Porque é um dos corais mais estudados do mundo, é um SPS, portanto mais frágil que a maioria dos demais corais. Apesar da P. damicornis não ser o SPS mais comum dos aquários brasileiros, ela é mito comum no mundo todo. P. damicornis poderá abrigar microorganismos que atendam as mais variadas espécies de coral.
O que precisamos?
Da doação de pequenos fragmentos de Pocillopora damicornis para o experimento do Phillipe. Precisaremos de 4 aquários diferentes como doadores dos fragmentos, que terão procedimento de coleta específico. Não estou chamando de muda, pois o pedaço é menor que uma muda, dois pedaços de 2 cm de tamanho já é suficiente para fazer a extração do DNA do coral e da sua comunidade microbiana. Esta comunidade será cultivada e será feito o perfil de DNA desta comunidade (whole genome sequencing) e tentaremos identificar os microorganismos com maiores potenciais biotecnológicos.
Depois desta etapa de caracterização genética e cultivo dos microorganismos (o consórcio de bactérias e outros MO), o produto será testado em uma rodada experimental de mesocosmo na cidade de Búzios - RJ. Os corais serão submetidos a estresses de doenças (será comprado no mercado um famoso patógeno de corais) bem como estresse térmico e por excesso de nutrientes, tudo isso combinado ou não com elevação de temperatura. Em resumo, colocaremos os corais em condições inóspitas para testar a efetividade do probiótico como proteção.
Se o consórcio for bom, os corais afetados com o patógeno adquirido e nas condições mais extremas (temperatura, nutrientes, etc) sofrerão menos que aqueles que não receberem o consórcio probiótico. Para avaliar a saúde dos corais, usaremos dois métodos: variação da taxa de deposição de CaCO3 na forma de esqueleto (a redução da calcificação de corais pode indicar estresse) bem como a variação da capacidade fotossintética das zooxantelas dos corais estudas na condição de estresse ou não.
Pesquisa científica leva tempo, há muita estrada pela frente, e precisaremos depois de outras mudas de P. damicornis para fazermos os testes de efetividade. Mas gostaria de saber se há aquaristas animados em participar desta pesquisa, enviando estes fragmentos para nós na UFRJ. Os doadores da primeira rodada de fragmentos (4 aquaristas diferentes) não precisam ser necessariamente os doadores da rodada de testes no mesocosmo quando o consórcio estiver OK.
Qualquer dúvida estaremos aqui para esclarecer.
Abraços
Gustavo Duarte